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Presidente da Volkswagen deixa cargo em meio a escândalo de fraude sobre emissão de poluentes


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O presidente da Volkswagen, Martin Winterkorn, renunciou ao cargo em meio ao escândalo de fraude sobre a emissão de poluentes por motores a diesel da montadora alemã nos Estados Unidos. Desde o início da crise, na semana passada, já se especulava que o executivo acabaria deixando a empresa. Nesta quarta-feira, com a perda do apoio no conselho de administração da companhia, ele acabou anunciando seu afastamento.

“Estou consternado pelos acontecimentos dos últimos dias. Estou chocado com o fato de que condutas impróprias tenham ocorrido em tal escala dentro Grupo Volkswagen”, disse em um comunicado Winterkorn, de 68 anos, oito deles à frente da gigante.

“A Volkswagen precisa de um novo começo, também em termos de pessoal. Estou liberando o caminho para este novo começo com a minha renúncia”, acrescentou ele na nota oficial.

Seu substituto será escolhido na sexta-feira, segundo o Conselho de Fiscalização.

A renúncia de Winterkorn foi anunciada minutos antes do fechamento da Bolsa de Frankfurt, onde são negociadas as ações da montadora, que encerraram em alta de 5,19%.

A Volkswagen admitiu na terça-feira ter equipado 11 milhões de carros em todo o mundo com um software de manipulação de dados de emissões de poluentes. O sistema reconhecia quando um carro estava sendo verificado em um centro de testes, mudando o motor para o modo de economia e injetando produtos químicos para reduzir as emissões, a fim de registrar nos testes resultados inferiores aos observados em condições normais de condução. O caso foi descoberto nos Estados Unidos, que na terça também anunciou a abertura de uma investigação penal.

GOVERNO ALEMÃO ADMITE QUE SABIA DE DIFERENÇA DE DADOS

Os softwares fraudulentos detectados em modelos das marcas VW e Audi nos Estados Unidos podem estar presentes em outras filiais, que conta com marcas como Seat, Skoda e Porsche. A Volks afirma que o Brasil não tem modelos com o sistema.

A Volkswagen anunciou também que gastará € 6,5 bilhões no terceiro trimestre do ano para enfrentar as primeiras consequências do caso. Isso levará a empresa a ajustar suas metas de lucro para 2015.

Mas a Agência de Proteção Ambiental dos EUA afirmou na sexta-feira que a Volkswagen poderá enfrentar punições de até US$ 18 bilhões por falsificar os testes.

Winterkorn declarou “sentir muito pela falta cometida pelo grupo”. É o maior escândalo já enfrentado pela empresa, fundada há 78 anos.

Promotores alemães disseram nesta quarta-feira que estão realizando uma investigação preliminar sobre a manipulação de resultados de testes de emissão de poluentes em veículos da marca, enquanto a ministra de Meio Ambiente e Energia da França, Ségolène Royal, afirmou que o país pode ser “extremamente severo” se sua investigação encontrar qualquer delito.

Por outra parte, o Ministério dos Transportes da Alemanha negou nesta quarta-feira que tivesse conhecimento sobre a tecnologia usada pela Volkswagen, apesar de reconhecer que sabia de uma diferença entre testes e emissões nas ruas.

Membros do Partido Verde questionaram o governo sobre a discrepância entre as emissões no ambiente de teste e durante a condução normal.

O Ministério dos Transportes, respondendo em nome do governo, reconheceu em um comunicado que estava ciente do problema e que estava buscando regras mais rígidas. A resposta não reconheceu, no entanto, qualquer manipulação deliberada.

— Não havia nenhum conhecimento do Ministério dos Transportes sobre o uso de tecnologia de controle de emissões — disse um porta-voz do ministério.

NO BRASIL, COMBUSTÍVEL É PROIBIDO EM CARROS DE PASSEIO

Na Europa, 53% dos automóveis vendidos são a diesel. Nos EUA, a proporção é de 2,75%. Já o Brasil é um dos raros países a proibir a comercialização de carros de passeio movidos por esse combustível.

Tal proibição data de 1976, quando o Brasil ainda importava 78% do petróleo que consumia. A última regulamentação sobre o tema é de 1994: somente utilitários com tração 4×4 e caixa de reduzida ou veículos com capacidade de carga superior a uma tonelada podem ser vendidos no país com motores a diesel. Em 2009 e 2014, tentou-se derrubar essa portaria no Congresso, mas as propostas foram vetadas.

A principal razão é que o governo considera o diesel um “combustível social”, para uso no transporte de cargas e passageiros. Daí, ter tributação bem menor que a da gasolina.

Outra razão é que, hoje, quase toda a gasolina consumida aqui já é produzida no país enquanto cerca de 18% do óleo diesel ainda são importados. No Brasil, só as refinarias mais recentes privilegiam a produção de diesel.

Mesmo sem a liberação para uso nos carros de passeio, o país já consome cerca de 60 bilhões de litros de diesel por ano, contra 44,3 bilhões de litros de gasolina, segundo dados de 2014.

E há o argumento de que a poluição do ar se agravaria se os carros de passeio queimassem diesel nas cidades. Nos últimos anos, contudo, os motores a diesel ficaram bem mais limpos e a qualidade do combustível melhorou.

Fonte: O Globo (http://goo.gl/lpE9ON)

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